“Eu não acho que hoje faça sentido falarmos duma função paterna. O amor de mãe e o amor de pai não têm que ser decalcáveis. Eles são indispensáveis e complementares, seja qual for o formato de cada um. Mas se a função da mãe não mudou muito desde há séculos, a do pai parece estar numa encruzilhada. Qual será o lugar do pai, hoje? Será dele a autoridade mais relevante? Deverá continuar a ser uma figura mais “apagada” que a mãe? Não deve ser, em relação a ela, paritário em tudo? Pode ele ser tão mãe como a mãe, sem deixar de ser “o pai”?
Eu entendo que o pai deve reclamar a paridade não só quando se discute responsabilidade parental. É urgente que ele não deixe de ser tudo o que sente que faz sentido para ele. Homem. Guerreiro. Audaz. Brincalhão. Sábio, bondoso e justo. Etc. Sem nunca deixar de reclamar para si um papel e uma função que, atendendo ao lugar do pai ao longo da história, será, hoje, mais aberta. Mais matizada. Mais criativa. Mais inventiva. Mais serena. Mais justa. Mais interventiva. Mais falada. Mais clara. Mais “mãe”. Mas, hoje como antes, fazendo dele a pessoa absolutamente indispensável como só um pai consegue ser”
Eduardo Sá