De acordo com Inês Duarte (2008), as crianças cuja língua de escolarização é a língua materna chegam ao primeiro ano de escolaridade capazes de compreender e produzir enunciados orais nessa língua. Por outras palavras, já conhecem intuitivamente o essencial da sua estrutura gramatical, o que lhes permite usá-la oralmente em contextos informais (em família, com amigos, etc.).
Para que a criança possa aprender a comunicar usando a língua do seu grupo social, precisa de estar imersa num ambiente onde ouça falar e tenha oportunidade para falar com falantes da sua língua materna. Para além do contexto familiar, o ambiente educativo do jardim-de-infância constitui um dos contextos privilegiados para o desenvolvimento das capacidades comunicativas e linguísticas da criança, necessárias a um futuro desempenho social e académico com sucesso (Sim-Sim, I., Silva, A., & Nunes, C.; 2008).
Na educação pré-escolar, sobretudo no decurso do seu último ano, a criança já teve ocasião de desenvolver a linguagem de evocação, que permite a referência a agentes e a acontecimentos não presentes no espaço ou no tempo (…) as construções sintáticas e o vocabulário típicos dos livros infantis ilustrados, de contos e de textos informativos, assim como de se familiarizar com a maneira como a escrita representa a oralidade, da frase até à letra (Metas de Aprendizagem do Ensino Básico 1º ciclo: Caderno de Apoio Aprendizagem da Leitura e da Escrita).
Define-se o termo consciência fonológica, como a tomada de consciência de qualquer unidade da linguagem oral e à capacidade de as conseguir manipular, sejam elas as palavras, as sílabas, as unidades intrassilábicas ou fonemas, resumindo, a “capacidade de explicitamente identificar e manipular as unidades do oral” (Freitas et al. 2007).
Os mesmos autores indicam que “Os jogos que trabalham a consciência fonológica são geralmente bastante apreciados pelas crianças, exatamente pelo seu carácter lúdico. A relação encontrada pela investigação entre a consciência fonológica e o sucesso da aprendizagem da leitura permitem aconselhar que este tipo de atividades seja desenvolvido com alguma frequência no contexto da educação pré-escolar. O trabalho sobre a consciência fonológica, realizado desde cedo e generalizado a toda a população infantil (antes e durante a iniciação à leitura e à escrita), permitirá promover o sucesso escolar, funcionando como medida de prevenção ao insucesso na leitura e na escrita.
Num estudo elaborado por Carvalho, A. (2012) em que foram comparados os resultados da avaliação entre grupos estimulados e não estimulados, concluiu que o desempenho da consciência fonológica melhorou significativamente nos grupos estimulados com um programa de desenvolvimento da consciência fonológica, podendo esta estimulação tornar-se uma mais-valia no trabalho de preparação para a iniciação da leitura e da escrita.
É neste sentido que surge o “Recreio dos Sons”, um programa de promoção do conhecimento fonológico em grupo através da realização de atividades lúdicas. Esta dinâmica é promovida pela Terapeuta da Fala Ângela Silvino. A sua formação académica e profissional permitiu o desenvolvimento de um programa com diversas tarefas que vão ao encontro dos estudos já realizados. A aplicação deste programa já conta com dois anos de existência noutros colégios do Concelho de Cascais e são propostas sessões com a duração de 30 a 45 minutos com envolvimento de toda a equipa educativa.
O “Recreio dos sons” foi acolhido de braços abertos pela equipa do colégio “a Formiguinha” que decide desta forma, este ano, apostar nas orientações curriculares para a sala dos 5 anos. Das sessões até aqui desenvolvidas são recolhidos os sorrisos das crianças, os lotos sonoros em grupo, canções aprendidas em roda e a ansiedade para que chegue o próximo dia de brincadeira! silvino.angela@gmail.com