«Quando as crianças fazem birras não têm sempre razão. Às vezes, manifestam um melindre. Com ira, claro. Nos “melhores dias”, com um ar “vermelho Ferrari”. E, quando há lugares a alguns “efeitos especiais”, lançando-se para o chão. Esperneando e batendo com os braços. E gritando! Habitualmente muito alto. Até se cansarem… Para além de puxarem pelas birras dos pais. Por mais que duas birras quando se juntam se transformam num “tornado”.
Todas as crianças percebem que só os pais bondosos permitem que elas ponham a sua ira cá para fora. Mas precisam de entender, também, que eles, “no limite”, gerem a birra. Mesmo que tenham de fazer “voz grossa” diante dela. Fazerem uma birra até se cansarem acaba por representar uma derrota dos pais como árbitros do bom senso. É como se eles mandassem no jogo só até ele ficar fora de controle. E isso não dá segurança a uma criança. Antes a assusta. E a faz sentir desamparada.
Mas porque é que parece que há uma “fase das birras”? Para além dos sobressaltos de circunstância que estejam a viver, porque há alturas em que as crianças não têm muito claro o preto e o branco das regras. Porque o não de ontem não coincide com o não de hoje. E porque nem sempre o não da mãe e o do pai são o mesmo não. Aí, elas ficam mais tensas e mais irritadiças. Por isso mesmo, mais impacientes e mais birrentas. A tentar conter as suas pequenas fúrias. E, por isso, mais impulsivas. E mais “difíceis”.
Quanto menos “contrariadas” com bom senso menos tolerância à frustração elas têm»
Eduardo Sá